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Radicais livres são os vilões do envelhecimento?

O envelhecimento é definido como um acúmulo progressivo relacionado ao tempo de mudanças responsáveis ou, pelo menos, envolvidas no aumento da suscetibilidade à doença e à morte. Em nível molecular, o envelhecimento é caracterizado pelo acúmulo progressivo de danos moleculares causados ​​por radicais livres (RL) gerados pela interação com o ambiente externo ao organismo, metabolicamente, por erros espontâneos em reações bioquímicas e ausência/excesso de componentes nutricionais importantes na dieta. As mitocôndrias foram colocadas no centro da “teoria dos RL para o envelhecimento”, porque essas organelas primordiais não são apenas as principais produtoras de energia nas células, mas também a principal fonte de espécies reativas de oxigênio.

O fato é que o aumento progressivo da expectativa de vida tem trazido adversidades relacionadas à predisposição para doenças debilitantes e crônicas-degenerativas entre pessoas idosas. Estas doenças que podem ser neurológicas, cardiovasculares, metabólicas e câncer; podem estar relacionadas com o estresse oxidativo celular causado pelos RL, mas também associadas com o estilo de vida. Por exemplo, o cérebro parece ser particularmente sensível ao processo de envelhecimento, uma vez que o aparecimento de doenças neurodegenerativas, incluindo a doença de Alzheimer, é exponencial com o aumento da idade e está associada com produção de RL e estresse oxidativo.

Os RL são compostos altamente reativos por possuírem um elétron não-pareado na órbita mais externa, que podem conduzir a uma série de danos celulares ao organismo. Estes acontecem quando há o desajuste entre a produção e a remoção dos RL pelos sistemas de defesa antioxidante do organismo. Tal condição é denominada de estresse oxidativo. O exercício físico intenso está associado com o aumento da geração de RL devido, principalmente, ao aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos ativos. Em contrapartida, o exercício físico de intensidade moderada altera positivamente o status redox de células e tecidos, por diminuir os níveis basais de danos oxidativos e aumentar a resistência ao estresse oxidativo graças ao aumento da defesa antioxidante. Os antioxidantes endógenos (enzimas) e exógenos (presentes na dieta) são substâncias capazes, em baixas concentrações, de competir com substratos oxidáveis e, consequentemente, inibirem ou atrasarem a oxidação desses substratos. O exercício crônico moderado, uma dieta balanceada e rica em antioxidantes e a sua suplementação, se for necessário, podem reduzir os danos celulares induzidos por diferentes agentes estressores (poluição, tabagismo, cirurgias, inatividade física, estresse emocional e etc.) aos quais o organismo é submetido ao longo da vida, pois promovem proteção por meio de diferentes mecanismos, e quando presentes de forma combinada, providenciam proteção adicional contra a ação deletéria dos RL. A literatura especializada atual sugere fortemente que a produção de RL está aumentada pela execução de um exercício aeróbio intenso (corrida, ciclismo, triátlon e etc.). Os mecanismos responsáveis por este aumento incluem principalmente a elevação do consumo de oxigênio que é um dos grandes responsáveis pelos processos de oxidação. Os RL causam danos aos lipídios de membranas, proteínas, ácidos nucléicos e em outros constituintes celulares, o que pode favorecer o aparecimento de doenças. Em contrapartida, o exercício físico moderado e crônico parece proteger o organismo dos efeitos deletérios dos RL, pois aumenta a capacidade antioxidante celular sendo, portanto, benéfico à saúde. O referido aumento provocado pelo exercício intenso poderia ser revertido pela suplementação de antioxidantes, entretanto, é difícil chegar a uma conclusão definitiva, dadas às diferenças na quantidade, no tipo de suplemento utilizado, tempo de utilização e a variabilidade metodológica para sua administração e mensuração nos estudos realizados.

A relação entre exercício físico e estresse oxidativo é extremamente complexa, dependendo do tipo, intensidade e duração do exercício físico. O treinamento físico de intensidade moderada regular parece benéfico para a saúde. Por outro lado, o exercício físico intenso e agudo leva ao aumento do estresse oxidativo, embora esse mesmo estímulo seja necessário para permitir uma regulação positiva das defesas antioxidantes endógenas. Melhorar as defesas endógenas com suplementação antioxidante oral (Vitaminas C, D, A e E) adicional (LEMBRANDO, quando necessário) pode representar uma ferramenta não invasiva adequada para prevenir ou reduzir o estresse oxidativo durante o treinamento físico. No entanto, o excesso de antioxidantes exógenos pode ter efeitos prejudiciais na saúde e no desempenho físico. Alimentos integrais e naturais, em vez de cápsulas e comprimidos, contêm antioxidantes em proporções que podem atuar em sinergia para otimizar o efeito antioxidante. Assim, uma ingestão adequada de vitaminas e minerais através de uma dieta variada e equilibrada continua a ser a melhor abordagem para manter um estado antioxidante ideal. A suplementação de antioxidantes pode ser justificada em condições particulares, quando as pessoas são expostas a alto estresse oxidativo ou não atendem às necessidades antioxidantes da dieta. É necessário a adoção de uma dieta e treinamento individualizado para cada pessoa praticante de determinada modalidade esportiva ou em determinado período de treinamento, supervisionado clinicamente com inclusão de análises sanguíneas e fisiológicas, em uma avaliação nutricional abrangente para monitoramento e tomada de decisões mais assertivas.

O interesse na relação entre o estresse oxidativo e o exercício físico não é de agora, sendo sempre crescente, principalmente porque o exercício vem sendo considerado como um “comportamento” positivo no combate aos baixos níveis de atividade física, comportamentos sedentários (tempo nas telas) e às doenças crônico-degenerativas, que tanto afetam a qualidade de vida da população, principalmente com o avançar da idade e o processo de envelhecimento. O certo é que envelhecer bem depende de boas práticas nutricionais e prática regular de exercício físico.

 

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