O envelhecimento populacional é um fenômeno global e irreversível que traz importantes desafios sociais, sobretudo para os serviços de saúde. O envelhecimento populacional refere-se ao processo pelo qual a proporção de indivíduos mais velhos em uma população aumenta ao longo do tempo. Isso geralmente é causado por uma combinação de fatores, incluindo taxas de natalidade em declínio e assistência médica aprimorada. À medida que as populações envelhecem, pode haver impactos sociais, econômicos e na saúde significativos. Por exemplo, pode haver aumento da demanda por serviços de saúde, programas de seguridade social e outras formas de apoio aos idosos. Além disso, pode haver menos trabalhadores disponíveis para apoiar a economia, o que pode levar à escassez de mão de obra e reduzir o crescimento econômico. Para enfrentar os desafios do envelhecimento populacional, muitos países estão criando políticas e programas destinados a promover o envelhecimento saudável, encorajar uma vida ativa mais longa e aumentar o apoio social para os indivíduos mais velhos.
No que tange aos problemas de saúde as quedas, com consequentes fraturas principalmente de fêmur e quadril, tem impactos significativos na qualidade de vida e do processo de envelhecimento sendo motivo de aumento de morbidades, incapacidade física e mortalidade. As quedas estão entre os principais problemas de saúde pública da população idosa, acometendo em torno de 30% dos idosos no mundo incluindo o Brasil. Além dos prejuízos biopsicossociais e do impacto negativo na qualidade de vida, as quedas promovem o aumento dos custos para os sistemas de saúde e perda de produtividade econômica.
Neste contexto, as quedas em pessoas idosas podem ter custos econômicos significativos. Por exemplo:
Custos médicos – podem resultar em lesões que requerem atenção médica, incluindo atendimentos de emergência, internações hospitalares de curto e longo prazos e reabilitação física.
Custos de cuidados de longo prazo – podem resultar em necessidades de cuidados de longo prazo, como cuidados domiciliares ou assistidos, que podem ser caros e exigir que os indivíduos esgotem suas economias ou dependam da assistência do governo.
Custos de infraestrutura – pode haver custos adicionais associados à adaptação de residências, espaços públicos e instalações de saúde para prevenir quedas entre as pessoas idosos. Neste caso, investimento necessário com o envelhecimento progressivo da população.
As quedas, podem ser compreendidas como qualquer evento inesperado que resulta em uma pessoa parar no chão ou em um nível inferior. É um evento de etiologia multifatorial e que envolve fatores extrínsecos e intrínsecos. Dentre os fatores intrínsecos, destacam-se: histórico de quedas, idade, nível de fragilidade, declínio cognitivo, déficit sensoriais, morbidades, polifarmácia, medo de cair, estado nutricional, inatividade física, alteração da marcha e declínio no desempenho da força muscular, do controle do equilíbrio e da capacidade de desempenho físico.
A prevenção de quedas em pessoas idosas pode ajudar a reduzir os custos econômicos. Ao implementar as medidas descritas acima, profissionais de saúde, cuidadores e formuladores de políticas podem trabalhar juntos para reduzir o ônus econômico das quedas para os indivíduos e para a sociedade. No entanto, a prevenção de quedas é um importante desafio a ser enfrentado e que exige uma abordagem multidisciplinar. A prevenção de quedas em pessoas idosas envolve profissionais de saúde, cuidadores, familiares etc. Aqui estão alguns membros de uma equipe multidisciplinar que podem ajudar a prevenir quedas em pessoas idosas:
Profissional de cuidados primários – avalia o risco de queda e recomenda intervenções apropriadas, como revisão de medicamentos, programas de exercícios físicos e encaminhamentos para fisioterapia ou terapia ocupacional.
Fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional – trabalham para melhorar a força muscular, o equilíbrio postural e a mobilidade física por meio de exercícios físicos e de cuidados assistivos e eventual uso de dispositivos auxiliares.
Geriatra – médico especializado no cuidado de pessoas idosas que pode fornecer tratamento para prevenção de quedas.
Farmacêutico – pode revisar os medicamentos e recomendar ajustes para reduzir o risco de quedas.
Auxiliar de saúde domiciliar ou cuidador: pode ajudar nas atividades da vida diária e fornecer suporte para reduzir o risco de quedas em ambiente doméstico.
Especialista ambiental: pode avaliar a casa de uma pessoa idosa quanto aos riscos de queda e recomendar modificações para reduzir o risco.
Assistente social: pode fornecer apoio e recursos para uma pessoa idosa e sua família para lidar com as consequências físicas, emocionais e financeiras das quedas.
Trabalhando em conjunto, essa equipe multidisciplinar pode criar um plano personalizado para prevenir quedas em de pessoas idosas e reduzir o risco de lesões (principalmente fraturas) e outras consequências negativas.
Uma das estratégias para a prevenção das quedas é a prática de atividade física. Apesar do aumento da prática de atividade física no lazer na população brasileira, a inatividade física aumenta com o avançar da idade, sendo ainda maior entre as pessoas idosas. Além disso, existem barreiras que dificultam o acesso pelas pessoas idosas. Assim, são necessárias políticas públicas voltadas para a promoção da atividade física para as pessoas idosas no âmbito da saúde pública.
As recomendações globais para a saúde estabelecem que as pessoas idosas pratiquem pelo menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de intensidade vigorosa, sendo o treinamento multicomponente (que envolve uma combinação de exercícios aeróbios, equilíbrio e força muscular), com frequência de 3 vezes por semana e por um período de pelo menos 12 semanas, o tipo de programa de treinamento mais adequado para a prevenção de quedas. Além disso, as intervenções de educação em saúde também são ações efetivas para a promoção da atividade física e prevenção de quedas em pessoas idosas. Já foi demonstrado que a prática de exercício físico, como estratégica isolada, é capaz de reduzir a taxa de ocorrência de quedas em 21%.
Por fim, as quedas são uma preocupação importante no que tange à população idosa, com consequências desastrosas e irreversíveis em alguns casos. Além disso, podem trazer consequências graves, como fraturas expostas, traumatismos cranianos e morte. Abaixo são apresentadas algumas recomendações que podem ajudar a prevenir quedas entre as pessoas idosas:
Exercício físico: Incentivar a prática de exercícios físicos regulares, principalmente aqueles que envolvem o treinamento da força muscular e do controle postural, podem ajudar a melhorar o equilíbrio, a coordenação e a força muscular, o que pode reduzir o risco de quedas.
Eliminar perigos do ambiente: ajeitar a desordem doméstica, proteger tapetes e evitar passadeiras que possam facilitar escorregões e consertar superfícies irregulares pode reduzir a probabilidade de tropeçar em algo e quedas. Isso vale para o ambiente doméstico e externo. Imagine só como é para uma pessoa idosa andar numa calçada cheia de buracos?
Instalação de barras de apoio e corrimãos: podem fornecer suporte e evitar quedas.
Boa iluminação: a iluminação adequada pode ajudar a ver os perigos potenciais e reduzir o risco de quedas no escuro.
Exames oftalmológicos regulares: a visão deficiente pode aumentar o risco de quedas, por isso é importante que as pessoas idosas façam exames oftalmológicos regulares.
Gerenciamento de medicamentos: alguns medicamentos podem causar tontura ou afetar o equilíbrio, por isso é importante revisar todos os medicamentos com um profissional de saúde para identificar possíveis efeitos colaterais.
Calçado: usar sapatos resistentes e bem ajustados com boa aderência pode ajudar a evitar escorregões e quedas.
No entanto, se uma pessoa idosa sofrer uma queda, é importante procurar atendimento médico imediatamente para avaliar quaisquer lesões e abordar quaisquer problemas de saúde subjacentes que possam ter contribuído para a queda.
Fonte: