A capacidade dos indivíduos de acessar e utilizar informações para tomar decisões de saúde adequadas e ter a possibilidade de manter ou aprimorar o estado geral de saúde é conceituado como letramento e alfabetização em saúde. Outra definição, para esta mesma problemática, é a habilidade de uma pessoa de obter, ler, compreender e utilizar informações sobre saúde. Isto envolve alcançar um nível de conhecimento e desenvolver habilidades pessoais, que tornam a pessoa confiante para tomar atitudes, assumir comportamentos e mudar o estilo de vida de forma individual e coletiva através de interações sociais pela melhoria de sua própria saúde ou de sua comunidade. Este conceito está muito atrelado com os conceitos de promoção e educação em saúde.
A promoção da saúde consiste em políticas, planos e programas de saúde pública com ações voltadas em evitar que as pessoas se exponham a fatores condicionantes e determinantes de doenças, a exemplo dos programas de educação em saúde que se propõem a ensinar a população a cuidar de sua saúde.
Sendo este um artigo introdutório trago para discussão alguns conceitos importantes com consequências, negativas ou positivas, relevantes para o processo de envelhecimento e abordados abaixo:
- Autonomia (poder de decisão) é a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com regras próprias e preferências.
- Independência (poder de ação) é, em geral, entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária – isto é, a capacidade de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros.
- Qualidade de vida: é a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente. À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência para a realização das atividades da vida diária.
- Expectativa de vida saudável: é uma expressão geralmente usada como sinônimo de “expectativa de vida sem incapacidades físicas”, percepção de saúde física e mental de longo prazo, e doenças que exigem cuidados de longo prazo. Enquanto a expectativa de vida ao nascer permanece uma medida importante do envelhecimento da população, o tempo de vida que as pessoas podem esperar viver sem precisar de cuidados especiais é extremamente importante para uma população em processo de envelhecimento.
Com a exceção da autonomia, sabidamente difícil de mensurar, todos os conceitos acima foram elaborados através de tentativas de medir o grau de dificuldade que uma pessoa mais velha tem ao executar as atividades de vida diária (AVDs) e atividades instrumentais de vida diária (AIVDs).
- AVDs: incluem, por exemplo, tomar banho, comer, usar o banheiro e andar pelos cômodos da casa.
- AIVDs: incluem, atividades como fazer compras, realizar trabalhos domésticos e preparar refeições.
Foram desenvolvidas algumas medidas de qualidade de vida relacionadas à saúde que são mais gerais e foram validadas. Essas medidas precisam ser compartilhadas e adaptadas para o uso em diversos cenários e culturas. A bandeira do “Envelhecimento ativo” foi adotada pela OMS no final da década de 1990. A abordagem do envelhecimento ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização. Assim, o planejamento estratégico deixa de ter um enfoque baseado nas necessidades (que considera as pessoas mais velhas como alvos passivos) e passa ter uma abordagem baseada em direitos, o que permite o reconhecimento dos direitos dos mais velhos à igualdade de acesso às oportunidades e o tratamento em todos os aspectos da vida à medida que envelhecem. Essa abordagem apoia a responsabilidade dos mais velhos e dar a oportunidade na velhice do exercício de participação nos processos políticos e em outros aspectos da vida em comunidade.
Por fim, a velhice é uma fase da vida e NÃO uma doença intratável e incurável. Envelhecer bem é uma conquista, oportunidade e direito.