É um erro pensar que o envelhecimento saudável diz respeito apenas às necessidades dos idosos. Nos primeiros meses da pandemia COVID-19, falou-se muito sobre diminuir a taxa de infecções “achatando a curva”. O envelhecimento saudável requer o achatamento de outra curva – desacelerando a taxa de acumulação de doenças, deficiências e incapacidade com a idade. Isso envolve a intervenção ao longo do curso de vida – do pré-natal ao final da vida. Supor que o envelhecimento saudável tem a ver com o tratamento médico de pessoas idosas é o mesmo que supor que a melhor maneira de lidar com a COVID-19 é intervindo quando as pessoas ficam doentes. Isso tem uma implicação importante – o envelhecimento saudável é um imperativo, independentemente de a população atual de um país ser predominantemente jovem ou idosa. Investir no envelhecimento saudável exigirá recursos substanciais, mas a preferência dos formuladores de políticas revelada durante o COVID-19 mostrou como a saúde e as vidas são valiosas. Consistente com essa preferência pós-COVID-19, as demandas de orçamentos de saúde muito maiores são usadas para se preparar para a pandemia global de doenças relacionadas à idade. Investir no envelhecimento saudável não apenas reduzirá os custos futuros com saúde e aumentará o bem-estar individual, mas terá impactos positivos nas finanças e economias locais e mundiais e na saúde pública mundial. Em países de baixa renda, por exemplo, aproximadamente 50% das pessoas com 65 anos ou mais estão na força de trabalho. Entre os sete países mais ricos do mundo, na década anterior à COVID-19, as pessoas com 50 anos ou mais geraram 100% do crescimento do emprego. Após a COVID-19, quando o crescimento será necessário, o foco no envelhecimento saudável para entregar um dividendo e legado de longevidade deve ser uma prioridade para a viabilidade do funcionamento das economias mundiais.
De maneira crítica, o envelhecimento produtivo não envolve apenas emprego e renda, mas também o valor intrínseco de viver uma vida longa com boa saúde. Os idosos dão grandes e valiosas contribuições à sociedade por meio de várias atividades sociais – cuidado intergeracional, papéis comunitários mais amplos, etc. – que o envelhecimento saudável pode ampliar. Alcançar um envelhecimento saudável vai além do setor da saúde, uma vez que fatores socioeconômicos mais amplos determinam muito sobre como envelhecemos. Assim como as grandes melhorias na mortalidade infantil requerem iniciativas de políticas multissetoriais, o alcance do envelhecimento saudável também exigirá. O envelhecimento saudável também representa um componente importante no combate à desigualdade educacional, acessos aos serviços de saúde e socioeconômica crescentes, que tende a aumentar com a idade,
multiplicando as desvantagens ao longo da vida e ampliando o impacto no setor de saúde pública. Um enfoque no envelhecimento saudável precisa atingir aqueles cuja saúde é atualmente mais fraca e frágil; isso ajudará a reduzir a desigualdade, especialmente devido ao envelhecimento das sociedades. A pandemia COVID-19 mostra o quanto valorizamos a vida e a saúde e revela os recursos que os governos estão dispostos a gastar para apoiá-los. A projeção é de um grande aumento na incidência global de doenças relacionadas ao envelhecimento e de forma acelerada e progressiva. Embora o mundo não estivesse preparado para COVID-19, ele não precisa estar despreparado para uma sociedade em envelhecimento. O envelhecimento é tão antigo quanto a existência humana, e podemos “achatar a curva” de doenças e incapacidades que se acumulam com a idade. Com tantas pessoas agora vivendo mais e mais, há um novo imperativo de saúde para apoiar o envelhecimento saudável.
