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Inatividade física vs. Saúde mental: a combinação imperfeita

De acordo com a OMS, ao redor do mundo, o número de pessoas com depressão ultrapassa os 350 milhões. As estatísticas mostram que aproximadamente 10% da população adulta têm transtornos mentais (depressão e/ou ansiedade) e precisa de algum tipo de tratamento (terapia farmacológica e/ou psicológica) no mundo. Como o tratamento destas condições é muito difícil de ser assertivo, mudanças de estilo de vida como, por exemplo, a prática regular de atividade física pode ser uma alternativa complementar à psicoterapia e terapia farmacológica. De fato, os baixos níveis de atividade física são comuns em pessoas com distúrbios mentais e doenças psiquiátricas. Isto pode contribuir para aumento da morbidade e mortalidade e dos gastos com saúde pública com esta população. Infelizmente, a pandemia da COVID-19 só acentuou ainda mais os distúrbios psiquiátricos e os comportamentos sedentários e a inatividade física.

No entanto, antes da pandemia da COVID-19 a depressão e ansiedade já eram causas muito comuns e prevalentes de doenças físicas, comprometimento psicossocial, afastamentos de saúde e perda de produtividade no trabalho, suicídio e mortes ao redor do mundo. Estas condições são quadros recorrentes e que afetam milhões de pessoas, sem distinção de etnia, nível de educação e social, sexo ou renda. É muito difícil tratar estes quadros e acertar o tipo e a dosagem quando da prescrição do tratamento farmacológico pelo médico psiquiatra. Neste contexto, a prática de atividade física surge como uma possibilidade terapêutica e alternativa ao tratamento farmacológico e psicológico. Já foi demonstrado que a participação em programas de atividade física melhora a saúde mental, o estado de humor, a autoestima e a eficiência de trabalho.

A atividade física pode desempenhar papel importante no tratamento de distúrbios mentais, em especial a depressão e ansiedade melhorando o bem-estar físico e mental. Por exemplo, os sintomas de ansiedade e ataques de pânico podem ser melhorados com o aprimoramento da aptidão física e com técnicas de meditação e relaxamento. Pessoas que fazem atividade física de intensidade moderada 2 ou mais vezes por semana têm menor nível de depressão, raiva e estresse e maior integração social e bem-estar psicológico, em comparação com aqueles que não praticam atividade física. Em longo prazo, o exercício físico combinado com a psicoterapia, terapia comportamental e o tratamento farmacológico produzem efeitos positivos e mais consistentes para pessoas com distúrbios do estado de humor. É preciso destacar que o isolamento social em virtude da pandemia agravou muito os níveis de ansiedade e depressão em pessoas de todas as faixas etárias principalmente em crianças e pessoas idosas.

Algumas hipóteses têm sido propostas para explicar os efeitos benéficos da atividade física sobre a saúde mental: 1) distração, 2) melhora da autoeficiência e 3) melhora da interação social. A hipótese da distração sugere que o desvio da atenção de estímulos negativos e desfavoráveis leva a um melhor “estado de espírito” durante e após o exercício. A da autoeficácia propõe que, uma vez que o exercício físico pode ser visto como uma atividade desafiadora, a capacidade de envolver-se em sua prática de forma regular pode levar a melhora do humor e da autoconfiança. Por fim, a hipótese da interação social propõe que as interações sociais e o apoio mútuo entre os indivíduos envolvidos em exercícios físicos desempenham um papel importante nos seus efeitos sobre a saúde mental.

Abaixo são colocados alguns dos principais distúrbios do estado de humor:

  1. Depressão maior (unipolar): é a presença de apenas um polo do estado de humor extremo, neste caso o depressivo.
  2. Depressão bipolar: alterna o humor depressivo e a mania (euforia).
  3. Ansiedade-estado: refere-se a uma resposta psicológica aguda e transitória para um evento ou estímulo situacional.
  4. Ansiedade-traço: distúrbio crônico que no longo prazo pode tornar o sujeito ansioso assim como no distúrbio de ansiedade generalizada.
  5. Transtorno de ansiedade generalizada: caracteriza-se por um estado de ansiedade excessiva e persistente, que ocorre na maior parte dos dias, por um período de pelo menos seis meses.
  6. Transtorno de pânico: é caracterizado pela ocorrência súbita e inesperada de ataques de pânico.
  7. Ataques de pânicos: são definidos como um período de intenso medo ou mal-estar acompanhado de sintomas somáticos ou cognitivos, como taquicardia, palpitações, tremores, dispneia, sudorese, sensação de estar sufocando, medo de morrer ou de perder o controle.
  8. Transtorno de estresse pós-traumático: desenvolvimento de sintomas após a exposição a um fator estressor traumático e extremo, envolvendo a experiência pessoal direta de um evento real ou ameaçador associado com morte, ferimento sério ou outra ameaça à própria integridade física, de um membro da família ou até mesmo de um terceiro.
  9. Fobia social: medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho nas quais o indivíduo poderia sentir embaraço. A exposição à situação social ou de desempenho provoca, quase que invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade.
  10. Transtorno obsessivo compulsivo (TOC): é uma obsessão ou compulsão recorrente e suficientemente severa para consumir tempo (isto é, consome mais de uma hora por dia) ou causar sofrimento acentuado ou prejuízo significativo. As obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, que são vivenciados como inadequadas e que causam acentuada ansiedade ou sofrimento. As mais comuns são pensamentos repetidos acerca de contaminação (ser contaminado em apertos de mãos), dúvidas repetidas (imaginar se foram executados certos atos, deixar a porta destrancada) e etc.
  11. Transtorno bipolar de humor: também conhecido como transtorno maníaco-depressivo, é caracterizado por alterações do estado de humor que se manifestam como episódios depressivos que se alternam com episódios de mania (euforia).

É muito provável que com a pandemia da COVID-19 e todos os fatores associados com um cenário deste tipo medo, inseguranças de toda ordem, incerteza, perdas, luto, isolamento e distanciamento social, hábitos inadequados de vida e etc. todos os distúrbios mencionados anteriormente foram potencializados. A questão é, o que fazer para minimizar? Sem dúvida a prática de atividade física pode ser uma estratégia de enfrentamento positiva frente a um cenário pandêmico e que exige isolamento social e que tem levado as pessoas aos limites das emoções.

A atividade física tem efeitos benéficos na prevenção e tratamento de doenças e distúrbios psiquiátricos como, por exemplo, na depressão e ansiedade. Especificamente no que diz respeito à associação entre a atividade física e o estado de humor, as evidências indicam que o exercício físico de intensidade moderada melhora o estado de humor. Em geral, pessoas com depressão são menos ativas fisicamente e condicionadas do que aquelas não deprimidas. O exercício físico assim como outros tipos de intervenção (psicoterapia, terapia farmacológica e terapia alternativa) pode reduzir os sintomas depressivos tanto em populações clinicamente deprimidas como não deprimidas. Isto vale para a ansiedade-estado e ansiedade-traço. Ou seja, quanto maior os níveis de atividade física melhor a saúde mental.

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