Apesar do envelhecimento ser um processo natural da vida, causa danos e perdas psicobiologias progressivas. É um processo complexo e multifatorial e que envolve múltiplas vias biológicas e alterações em nível celular e molecular.
Existem poucas áreas na saúde pública onde as evidências sobre a ação necessária são tão convincentes, econômicas e práticas, de acordo com a OMS, que apontam que o exercício físico regular reduz o risco de morte prematura em 20-30%, ou seja, para envelhecer de forma saudável é preciso praticar exercícios físicos.
Para pessoas com 50 ou mais anos os benefícios da atividade física na prevenção de morbidades e mortalidade prematura foram estabelecidos por estudos epidemiológicos. Além disso, com o processo de envelhecimento a redução de eventos cardiovasculares agudos (infarto do miocárdio) está associada com maiores níveis de aptidão e atividade física e gasto energético bem como o aumento da longevidade e expectativa de vida livre de doenças, o que de certa forma mostra o efeito antienvelhecimento da atividade física. Por exemplo, eventos agudos como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral diminuem imediatamente a capacidade física e funcional de uma pessoa. A recuperação destes quadros não costuma ser de forma plena. Se porventura houver um segundo evento agudo, isto pode levar a uma redução adicional da capacidade física. No entanto, é importante ressaltar que a recuperação após um evento desta magnitude está vinculada ao nível de capacidade física antes do evento, ou seja, a recuperação e reabilitação física e mental é menor para indivíduos menos condicionados. Portanto, o treinamento físico pode limitar os efeitos do processo de envelhecimento, por aumentar a aptidão física, prevenindo eventos agudos e caso o evento ocorra aprimorar a recuperação e reabilitação física após o evento retardando o declínio da aptidão física.
De forma geral, teríamos que o maior nível de condicionamento físico inicial (1) poderia aumentar o nível de aptidão cardiorrespiratória basal; (2) prevenir ou atrasar o primeiro evento (prevenção primária) seja um infarto ou acidente vascular cerebral; (3) melhorar a recuperação, prognóstico e reabilitação após um evento agudo; (4) prevenir outro evento naqueles que já tiveram um primeiro evento (prevenção secundária); e (5) diminuir a taxa de declínio da aptidão física com o processo de envelhecimento e progressão da idade cronológica e impactar a idade biológica.
A promoção da prática de atividade física deve ser considerada uma ferramenta para retardar o processo de envelhecimento precoce. Já foi demonstrado que o estilo de vida sedentário acelera os efeitos do envelhecimento e induz distúrbios que levam a fatores de risco para doenças crônicas e, eventualmente, morte prematura. O processo de envelhecimento reduz a reserva fisiológica e pode levar à fragilidade biológica (definida como um estado em que o corpo tem uma capacidade muito limitada de suportar e se adaptar ao estresse) quando esta reserva não permite uma adaptação adequada do organismo ao processo de envelhecimento frente aos desafios e agressões ambientais (por exemplo, níveis elevados de poluição, estresse emocional, cirurgias, abuso de álcool, exposição ao sol, confinamento numa cama etc.). Destaca-se que os componentes da reserva fisiológica podem ser facilmente avaliados por meio de testes cardiorrespiratórios e balizados através da aptidão cardiorrespiratória – nível do consumo máximo de oxigênio, quanto maior é menor o risco de morte prematura por doenças cardiovasculares; e pelo nível de capacidade funcional, independência e autonomia.