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Fui deitar tinha 59 anos. Ao acordar completei 60 anos. Virei uma pessoa idosa?

É preciso destacar que a vida é um ciclo que passa pelas seguintes fases: nascimento, crescimento, desenvolvimento, relativa manutenção do status quo, degeneração e morte, sendo a velhice uma fase e NÃO uma doença que precisa de cura e intratável como muitos falam e pensam. Muitos associam velhice a desgaste. O termo velhice nos submete a relacionar com algo “velho” (como um carro velho), mas quando tratamos de seres humanos a velhice deve ser tratada como experiências adquiridas ao longo do tempo. Além disso, as pessoas idosas são associadas à improdutividade e incapacidade, já que seriam “desgastados demais”, o que é triste e lamentável. De acordo com os critérios da OMS, 60 anos é o marco para considerar uma pessoa idosa em países em desenvolvimento e 65 anos em países desenvolvidos.

Porém, os processos que nos levam a envelhecer são individuais, então não é justo relacionar a velhice diretamente ao desgaste e à doença. Uma pessoa jovem pode estar mais desgastada e doente fisicamente ou psicologicamente que uma pessoa idosa, dependendo de como essas pessoas tiveram a oportunidade de cuidar do seu corpo, mente e espírito. Adicionalmente, é preciso entender que o envelhecimento é um processo dependente e fruto da interação entre fatores genéticos e ambientais, de escolhas saudáveis ou não e de oportunidades e acesso.

O processo de envelhecimento é marcado por alterações biológicas, psicológicas e sociais, que podem refletir-se ao nível nos comportamentos e escolhas, no tipo de atividades que as pessoas mantêm ao longo da vida e das interações sociais. É ainda um processo que ocorre ao logo do tempo, de forma progressiva e irreversível, e que varia de pessoa para pessoa. No entanto, para além das perdas e limitações que podem acontecer com o envelhecimento, este é também precisa ser visto como uma fase de maior maturidade, sabedoria e experiência de vida.

No entanto, nada é eterno. Por exemplo, pelo viés biológico, ao longo dos anos, células, tecidos e órgãos sofrem pequenos danos e em determinado momento, esses danos se sobrepõem e prevalecem em todo os sistemas do organismo. Quando o corpo não consegue mais acompanhar o ritmo de reparação, o envelhecimento começa a ficar visível. Isto leva à diminuição progressiva da reserva funcional dos diferentes órgãos. Envelhecemos porque somos seres complexos, com células especializadas em funções importantes, mas com capacidade limitada de regenerar-se ano longo do tempo.

O processo de envelhecimento deve ser encarado como algo negativo? NÃO. É preciso encarar como uma dádiva e oportunidade que a vida e o Criador nos deram de presente. Envelhecimento não é doença. Simplesmente faz parte da natureza de todos os seres vivos. A questão central é trabalharmos e buscarmos conhecimento para mudar a mentalidade de que envelhecer é algo ruim. Pelo contrário, é ótimo e um privilégio ter esta oportunidade. Mas o envelhecimento bem sucedido não cai do céu é preciso oportunidades, boas escolhas, educação, acesso a cuidados de saúde e planejamento. O ato envelhecer deve ser visto como uma nova fase de vida e o momento de aproveitar toda a bagagem adquirida ao longo da vida e não como o fim do sentido da existência. Infelizmente, a sociedade ainda tende a colocar de lado pessoas só porque são mais velhas e faz prevalecer o sentimento do idadismo e inutilidade há tudo que é cronologicamente mais velho. Mas numa sociedade em processo de envelhecimento progressivo e acelerado esta visão precisa mudar pelo bem de todos e todas, para a sustentabilidade e viabilidade desta própria sociedade. Ou seja, as pessoas idosas precisam ter acesso aos espaços e direitos que lhes são negados. Neste contexto, é preciso retomar o conceito de “Envelhecimento Ativo” proposto pela OMS, para que as pessoas tenham visão do que falta e é necessário.

“O Envelhecimento Ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. Se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais e envolve os eixos do Trabalho, da Educação, da Cultura, do Lazer, do Turismo, dos Cuidados e acessos a serviços de saúde, da Inserção social e política e da Qualidade de vida.

Por fim, envelhecer bem é muito mais que simplesmente a ausência de doenças e de deitar com 59 anos e ter a surpresa de acordar com 60 anos e se olhar no espelho e dizer “Puxa, agora sou uma pessoa idosa”.

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