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Burnout na indústria do petróleo: a prática de atividade física pode ser a solução?

Plataformas de petróleo são pequenos complexos industriais no meio dos oceanos. Sua construção pode ser do tipo fixa, semissubmersível ou flutuante. Tais unidades são capazes de produzir, tratar e algumas estocar o petróleo e o gás natural produzido. Para tanto é necessário que haja um grandioso esforço e ações sincronizadas de um imenso número de profissionais de áreas distintas (geração de energia, fornecimento de alimentação, serviços de hotelaria, tratamento de água e esgoto, atendimento médico de emergência, descarte de resíduos e coleta seletiva de lixo); que trabalham num regime bem peculiar, chamado de embarcado, para a produção de petróleo e gás.

As plataformas de petróleo podem ser encontradas em todo o mundo, mas são mais comuns no Mar do Norte, no Golfo do México e na costa da África Ocidental. Eles são fontes importantes de petróleo e gás e desempenham um papel crítico no atendimento das necessidades de energia do mundo. No entanto, eles também representam riscos ambientais significativos e os acidentes podem ter consequências devastadoras para a vida marinha e as comunidades locais.

O trabalho offshore refere-se a qualquer tipo de trabalho realizado em uma instalação offshore, como uma plataforma de petróleo, parque eólico ou plataforma de perfuração offshore. Por exemplo, os profissionais da indústria petrolífera ficam confinados em plataformas de acordo com escalas/turnos específicos de horários, geralmente de 12 horas. Em geral, os trabalhadores embarcados têm 14 dias de trabalho alternados com 14 dias de folga. Esse tipo de trabalho é normalmente realizado no meio do oceano e pode envolver uma ampla gama de tarefas, incluindo manutenção, reparo, construção e exploração. O trabalho offshore pode ser muito desafiador devido ao ambiente hostil e imprevisível em que ocorre. Os trabalhadores devem estar preparados para lidar com ventos fortes, mar agitado e condições climáticas extremas. Além disso, devem ser treinados para operar e manter equipamentos complexos, como sondas de perfuração e plataformas de produção, que exigem conhecimentos e habilidades especializadas.

Apesar de parecer uma situação de trabalho interessante e vantajosa, o trabalho offshore pode ser fisicamente exigente e emocionalmente desafiador devido à natureza isolada e confinada do ambiente de trabalho. Trabalhadores em instalações offshore muitas vezes passam semanas ou até meses morando próximos a seus colegas, com acesso limitado a familiares e amigos. Isso pode levar a sentimentos de solidão, isolamento e saudade de casa, que por sua vez podem contribuir para o estresse emocional.

Além disso, o trabalho offshore pode ser perigoso e imprevisível, o que também pode contribuir para o estresse emocional. Os trabalhadores podem estar expostos a materiais ou situações perigosas e devem estar constantemente vigilantes e preparados para responder a emergências. Isso pode criar um ambiente de trabalho de alta pressão que pode ser emocionalmente desgastante.

Para lidar com o estresse emocional do trabalho offshore, é importante que os trabalhadores priorizem sua saúde mental e bem-estar. Isso pode incluir o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento para lidar com o isolamento e a saudade de casa, manter um estilo de vida saudável com exercícios físicos regulares e uma dieta balanceada e buscar o apoio de colegas, amigos e familiares.

No entanto, todo este contexto pode favorecer/aumentar o risco para o desenvolvimento da síndrome (conjunto de sinais e sintomas) de Burnout. A síndrome de Burnout, também conhecida como esgotamento ocupacional, é um estado de exaustão física, emocional e mental resultante do estresse prolongado e intenso no ambiente de trabalho. Caracteriza-se por sentimento de distanciamento e ojeriza do ambiente de trabalho, queda de produtividade/rendimento/absenteísmo e reduzida eficácia profissional. Geralmente ocorre em trabalhos que envolvem altos níveis de estresse, como naqueles que envolvem assistência médica e social e serviços de emergência médica. No entanto, pode ocorrer em qualquer tipo de trabalho em que os trabalhadores sofram de estresse crônico e se sintam sobrecarregados e sem apoio. Isto sem dúvida pode ocorrer entre trabalhadores da indústria do petróleo.

Os sintomas da síndrome de Burnout podem incluir: sentir-se fisicamente e emocionalmente esgotado, diminuição da satisfação e motivação e perda de interesse pelo trabalho, dificuldade de concentração e tomada de decisões, aumento da irritabilidade e frustração, insônia e problemas de sono e sintomas físicos como dores de cabeça, problemas estomacais e dores no peito.

O tratamento para a síndrome de Burnout normalmente envolve uma combinação de estratégias de autocuidado e apoio profissional. Isso pode incluir tirar uma folga do trabalho para descansar e recarregar, buscar aconselhamento ou terapia, praticar técnicas de redução do estresse, como meditação ou ioga, e fazer alterações em no ambiente de trabalho ou carga de trabalho para reduzir o estresse. No entanto, dependendo da gravidade, não bastará poucos dias de recuperação física e mental e pode gerar inclusive o abandono/desligamento do trabalho.

Felizmente, atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a síndrome de Burnout como um potencial problema de saúde pública inerente ao trabalho e às suas condições. Isto é muito relevante. A definição mais recente, na Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11), diz: “Burnout é uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizada por três dimensões: sentimentos de esgotamento de energia ou exaustão, aumento da distância mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho e eficácia profissional reduzida. Refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida”.

Adicionalmente, os empregadores também podem desempenhar um papel no apoio ao bem-estar emocional dos trabalhadores offshore. Isso pode incluir fornecer acesso a recursos de saúde mental e serviços de apoio, promover uma cultura de trabalho positiva que priorize a segurança e o bem-estar e oferecer oportunidades para os trabalhadores se comunicarem com seus entes queridos durante o trabalho. Por exemplo, a prática da Yoga (trabalha a parte física e respiração) e do Mindfulness (trabalha a mente) podem ser intervenções eficazes e que ajudam no funcionamento psicológico dos profissionais que trabalham em regime de confinamento e em plataformas de petróleo. Estas práticas podem ser complementadas por exercícios físicos de força muscular, cardiovasculares e de alongamento. Isto mostra a importância de um Profissional de Educação Física, também embarcado, para fornecer as melhores orientações/dicas de promoção e educação em saúde para os trabalhadores da indústria offshore.

De forma geral, a busca constante pelo perfeccionismo é um importante fator de risco para o esgotamento físico e mental de uma pessoa e experiências sociais negativas promovem o risco aumentado para a síndrome de Burnout. No que tange à prevenção da síndrome de Burnout, é importante que se invista na possível adequação do ambiente de trabalho, a fim de promover bem-estar físico e saúde mental. Isto sem dúvida inclui a prática de atividades física.

A prática de atividade física regular tem efeitos benéficos para a saúde física, mental e social. Impacta diretamente a saúde mental, pois as endorfinas liberadas durante sua prática atuam no cérebro e produzem sensações de bem-estar e relaxamento imediato. Além disso, inibem os neurotransmissores que transmitem a dor, resultando em analgesia e sedação leve. Também há reduções no estresse e na fadiga emocional, que por sua vez podem levar a uma melhor qualidade do sono e bem-estar e diminuir a sensação de fadiga física e mental.

Sendo assim, a atividade física constitui um meio eficaz para a redução e prevenção da síndrome Burnout porque aprimora a aptidão física relacionada à saúde e melhora a saúde mental. Embora haja evidências científicas consistentes, faltam estudos longitudinais e de intervenção de alta qualidade e que considerem a influência da atividade física na síndrome de Burnout.

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