O movimento é a chave para o sucesso reprodutivo de um organismo. Uma melhor qualidade de movimento permite que um indivíduo escape de predadores e adquira alimentos, aumentando sua aptidão reprodutiva. Os hominídeos, em particular, são capazes de uma variedade de ações, incluindo movimentos arbóreos e terrestres. A notável capacidade dos humanos de se movimentar/deslocar com sucesso ambientes diferentes levou à ímpar capacidade disseminação do Homo Sapiens em todo o mundo. O corpo humano é capaz de escalar, correr curta/longa distâncias, nadar, pular etc. Tudo isso pode ser avaliado experimentalmente no contexto do esporte.
O esporte, especificamente o atletismo, existe há milhares de anos. Avanços recentes na ciência do exercício e nutrição permitiram que novos recordes mundiais de atletismo fossem consistentemente alcançados ao longo do século 20, mas nos últimos anos, a taxa de novos recordes diminuiu. Essa estagnação dos recordes mundiais sugere que os humanos estão se aproximando do ápice da capacidade de desempenho de nossa espécie, o que torna os atuais recordes mundiais de atletismo um bom indicador da capacidade geral do corpo humano. Embora a taxa de novos recordes mundiais tenha diminuído nos últimos anos, uma notável diferença de desempenho permanece entre os homens e as mulheres de melhor desempenho em todos os eventos de competição do atletismo.
Os homens têm uma composição fisiológica que realmente os beneficia em relação às mulheres em competições baseadas em força e resistência. Além de uma menor porcentagem de gordura corporal, os homens têm uma porcentagem maior de massa muscular, ossos mais densos, níveis mais altos de testosterona e um comprimento de passo mais longo do que as mulheres. Enquanto as mulheres fecharam grande parte da diferença de desempenho ao longo do século 20 devido à mudança das normas culturais (acesso e maior participação no esporte), parece que a diferença de desempenho atingiu uma assíntota desde a década de 1980. Embora os homens tendam a superar as mulheres em geral, a magnitude da diferença de desempenho diminui ou aumenta dependendo do esporte. Por exemplo, natação, atletismo e patinação de velocidade tendem a mostrar uma diferença de desempenho relativamente pequena, enquanto a diferença é consideravelmente maior na competição de levantamento de peso. Mesmo nas provas e competições de atletismo, a diferença de desempenho comprovadamente se expande ou se contrai dependendo do evento.
No entanto, é fato que o sexo é um dos principais determinantes do desempenho atlético por meio do impacto na altura, no peso, na gordura corporal, na massa muscular, na capacidade aeróbia como resultado de diferenças genéticas e hormonais. É preciso destacar que as respostas fisiológicas e as adaptações das mulheres ao exercício físico são influenciadas por suas características morfológicas e funcionais geneticamente determinadas e por seu nível de aptidão física. As respostas fisiológicas das mulheres durante o exercício físico submáximo e máximo diferem quantitativamente das dos homens, mas as adaptações ao treinamento físico são qualitativamente semelhantes. Foi demonstrado que as diferenças entre os sexos no desempenho de eventos atléticos que exigem alta capacidade aeróbia (maratona) ou anaeróbia (corrida de 100 metros) se devem, em grande parte, a diferenças na estrutura e composição corporal: a mulher média é menor e mais leve e tem menos massa muscular do que a média homem. Essas características influenciam as respostas fisiológicas dos sistemas musculoesquelético, cardiovascular e respiratório durante o exercício.
Adicionalmente, a participação histórica tardia das mulheres nas competições bem como os comportamentos individuais de doping para melhoria do desempenho pode ter tido um papel histórico, mas não mais reduzem a diferença. A participação no esporte já foi considerada inadequada para as mulheres, mas esses argumentos tradicionais agora não fazem sentido e as mulheres praticam a maioria dos esportes que os homens praticam. As mulheres são consideradas melhores do que os homens em alguns eventos de ultra resistência (por questões genéticas e biológicas) e a diferença entre as conquistas de homens e mulheres está diminuindo. No entanto, sem qualquer aprimoramento tecnológico voltado especificamente para um ou outro gênero, as performances provavelmente evoluirão de maneira semelhante tanto para homens quanto para mulheres e as diferenças permanecerão.
Do ponto de vista social, há algo para não se orgulhar nenhum um pouco quando se fala da equidade no esporte entre mulheres e homens. Por exemplo, no Reino Unido (isso deve ser semelhante em outros países de grande população), 1,9 milhão a menos de mulheres do que homens praticam esportes a cada semana. Há uma queda significativa na participação das meninas a partir dos 11 anos. Aos 14 anos, os meninos são duas vezes mais fisicamente ativos que as meninas. Existem muitas razões pelas quais algumas mulheres raramente praticam esportes e atividades físicas:
DISCRIMINAÇÃO – outros/homens/mídia desvalorizam o esporte e a atividade feminina.
BAIXA AUTOESTIMA – consciência da imagem, falta de confiança e constrangimento.
FALTA DE MODELOS ENQUANTO CRIANÇA/ADOLESCENTE – que é onde o interesse pelo esporte começa.
FALTA DE INCENTIVO – família, escolas e colegas.
INATIVIDADE FÍSICA DE AMIGOS/PARES – outros não participam e desvalorizam a prática da atividade.
FALTA DE OPORTUNIDADE – poucas atividades/atividades só para mulheres.
INFLUÊNCIAS NEGATIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR – experiências ruins e oportunidades limitadas nas escolas.
OUTROS INTERESSES – competindo com outras atividades, pressões de outros interesses e falta de cobertura da mídia sobre esportes/atividades femininas.
QUESTÕES DE CUIDADOS INFANTIS/COMPROMISSOS FAMILIARES – cuidar de crianças pequenas
religião/cultura.
Fontes
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2019.01412/full
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3761733/