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A Pandemia da Inatividade Física

A inatividade física pode ser definida como o espectro de qualquer diminuição no movimento corporal humano que produza gasto energético diminuído em direção ao nível basal. Para a manutenção do estado de saúde é preciso bem-estar de longo prazo e de trabalhar os capitais físico, mental e social e na perspectiva do “Envelhecimento ativo” da OMS. Sem dúvida, os capitais da saúde de longo prazo são impactados negativamente pelos baixos níveis de atividade física e comportamentos sedentários crônicos. Isto acontece a despeito de, atualmente, a maior parte das pessoas terem alguma ciência dos efeitos positivos da prática de atividade física regular e de alguma forma terem a intenção de ser ativos fisicamente. De fato, para além de fatores biológicos os baixos níveis de atividade física têm associação com fatores comportamentais.

A OMS define distúrbios do controle de impulso como um tipo específico de distúrbio comportamental, como “a repetida resistência e procrastinação a uma necessidade (intenção) de realizar algo que seja gratificante e positivo, no curto prazo, apesar das consequências danosas de longo prazo de não realizar o comportamento positivo. Pessoas com impulsos mais fortes e maior propensão em relação à inatividade física não conseguem implementar a intenção de ser fisicamente ativo por causa de uma capacidade reduzida de controlar esses impulsos. Sendo assim, a inatividade física pode ser caracterizada como a falha repetida em resistir a um impulso ou necessidade de minimizar o gasto de energia.

A inatividade física é uma das principais causas de aumento de morbidade e mortalidade ao redor do mundo. Aproximadamente 8% de todas as causas de morte por doenças não transmissíveis em todo o mundo têm associação com o comportamento sedentário e a inatividade física. Só para se ter ideia, ao redor de 96% da população mundial de adultos são pouca ativas fisicamente. A prevalência de inatividade física é mais alta na América Latina, no Caribe, nos países ocidentais de alta renda e nos países da região Ásia-Pacífico de alta renda e mais em mulheres do que em homens.

A alta prevalência de inatividade física, suas consequências prejudiciais à saúde e qualidade de vida e ao meio ambiente (com impactos negativos na mobilidade urbana – uso de carros vs. uso de tênis & bicicletas) e a evidência de estratégias eficazes (caminhadas diárias, participação de equipes e clubes de corrida e frequentar academias) e dos impactos positivos de promoção da atividade física na saúde física e mental tornam a pandemia da inatividade física uma prioridade de saúde pública global. Claramente, uma das razões para os níveis alarmantes de inatividade física, assim como dieta inadequada, obesidade e diabetes, é um problema complexo que requer soluções intersetoriais e em muitos níveis e não existe solução mágica.

No entanto, a relação entre a prática de atividade física e o aprimoramento da saúde pública no Brasil e no Mundo é um campo relativamente novo (década de 50 dos anos 1900) e que combina várias áreas do conhecimento, incluindo estatística e epidemiologia geral e aplicada a atividade física; ciências do exercício e esporte, do comportamento, e da saúde ambiental e mental; fisiologia geral e do exercício e treinamento esportivo; anatomia, cinesiologia e biomecânica; nutrição; pedagogia geral e do esporte e etc. Essas diferentes áreas somadas são necessárias para enfrentar a pandemia global de inatividade física porque o trabalho multidisciplinar é essencial bem como os determinantes da saúde também devem ser olhados nesta perspectiva.

Sendo assim, a capacitação e especialização, o treinamento da força de trabalho com foco nos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e profissionais de educação física) e as abordagens intersetoriais coordenadas nos níveis individual, social e cultural, ambiental e político são necessárias em todas as regiões do Brasil para a pesquisa, prática, políticas e defesa e educação para a promoção de saúde por meio da prática de atividade física de forma consciente em diferentes ambientes (doméstico, ocupacional, relacionadas ao transporte e mobilidade urbana e esportivo). Embora as evidências dos benefícios da atividade física sejam crescentes, sua promoção para aprimorar a saúde das populações ficou defasada em relação às evidências científicas disponíveis no que se refere a oferta e o acesso de infraestrutura adequada e o treinamento e desenvolvimento da força de trabalho com especialização nas ciências da atividade física.

“ESPECTRO DE INATIVIDADE FÍSICA” DE ACORDO COM O PERFIL DE DIFERENTES GRUPOS DE PESSSOAS

Pessoas com lesão medular: As consequências são paralisia/fraqueza de braços e pernas (lesão de coluna cervical); de pernas (lesão de coluna torácica); de pernas e abdome inferior (lesão de coluna lombar); e de pernas e quadris (lesão de coluna sacral).

Pessoas em repouso completo na cama: Recuperação de condições médicas. Por exemplo, entre idosos cirurgias associadas com fraturas mais graves como a de fêmur.

Pessoas com fragilidade/incapacidade física: Usuários de cadeira de rodas e/ou repouso na cama.

Pessoas treinadas para voos espaciais/astronautas/cosmonautas: Gravidade zero ou próxima à zero conduz à atrofia muscular progressiva. É como se o processo de envelhecimento muscular e ósseo fosse acelerado.

Pessoa que fica muito tempo sentada: Trabalho, escola e em casa (tempo de TV). Muito tempo de telas (TV, computador, Smartphone etc.).

Processo de envelhecimento: Quando associado com desuso físico e muscular e inatividade física progressiva. Com o processo de envelhecimento, em geral, as pessoas progressivamente diminuem os níveis de atividade física.

Tipo de transporte utilizado no dia a dia: carro vs. bicicleta. Formas de mobilidade física e urbana.

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