O incremento do envelhecimento da população em todo o mundo mostra uma rápida mudança social das gerações. O fenômeno que foi totalmente debatido nas últimas quatro décadas em torno dos países ocidentais desenvolvidos está agora expandindo o horizonte de preocupação também para os países em desenvolvimento como o Brasil. Como o mundo atual está testemunhando um aumento drástico do envelhecimento da população, prevê-se que o ajuste do foco para o segmento de mercado de turismo também ocorrerá. O grupo de idosos está projetado para aumentar surpreendentemente mais de cinco vezes até o ano de 2050 em comparação com 1980, ultrapassando substancialmente o crescimento mais rápido do que todos os grupos de idade mais jovens no mesmo período. Este fenômeno afetou quase todos os setores da sociedade, compreendendo os mercados de trabalho e financeiro, a demanda por bens e serviços (por exemplo, habitação, transporte e proteção social), bem como as estruturas familiares e os laços intergeracionais. Em conjunto com isso, é provável que a indústria do turismo chegue a um novo horizonte, desviando sua atenção para as pessoas idosas como um novo segmento de mercado potencial.
A mudança vista possivelmente devido à projeção demográfica global de “megatendências” de crescimento populacional (fertilidade), envelhecimento populacional (mortalidade), migração e urbanização que anteciparam as implicações no desenvolvimento econômico mundial, desenvolvimento social e sustentabilidade ambiental também irão prosperar impacto positivo na indústria do turismo. Assim, as partes interessadas têm a virtude de considerar o segmento de mercado potencial desta população em envelhecimento que, apesar de compartilhar características comuns, é individualmente única e diferente de uma para outra, é um mercado digno de nota que oferece oportunidades para a economia de visitantes, em geral, com diferentes enfoques como, por exemplo, de negócios, lazer, religioso, saúde e etc. Visto que na indústria do turismo, os turistas são caracterizados por demandas divergentes, eles são considerados heterogêneos.
Frequentemente, os segmentos de mercado de turismo e viagens são criados por um ou uma combinação de, idade ou estágio de vida, motivação, status socioeconômico, tipo de viagem e geografia. Com relação aos segmentos de mercado por estágio de vida, tradicionalmente, os profissionais de marketing tendem a dar atenção aos consumidores mais jovens e a ignorar os consumidores idosos. O viés de concentração ocorre pela associação do idoso como, algo velho e em processo de descarte, em desuso, com incapacitado física e mentalmente e etc. Além disso, até três décadas atrás, presumia-se que os idosos eram desencorajados de atividades de viagem devido a circunstâncias pessoais, incluindo custo, saúde, idade, limitações de tempo, responsabilidades familiares e falta de companheiro de viagem. No entanto, nos últimos anos, o ciclo de idade começou a exibir uma reviravolta no crescimento populacional em que mostra um nível estático de crescimento populacional mais jovem que se acredita ser devido ao número decrescente de fertilidade, mas projetando maior mobilidade que leva para uma vida mais longa dos idosos.
Por fim, no contexto do rápido envelhecimento populacional, comportamentos como tabagismo, consumo de álcool, hábitos alimentares, prática de atividade física e turismo tornaram-se fatores cada vez mais importantes na definição da saúde, mortalidade e longevidade entre os idosos. Apesar desse reconhecimento, as viagens de turismo ou lazer não receberam atenção suficiente na pesquisa sobre envelhecimento. Como os adultos mais velhos tendem a ter mais tempo livre e são menos propensos a estarem presos a horários de trabalho do que os adultos mais jovens, há uma tendência crescente entre a população idosa de aproveitar as oportunidades de viagens e passeios turísticos. Abaixo seguem alguns depoimentos de pessoas idosas que viajam para melhorar a saúde física e mental e seus motivos relatados:
“Desde que me aposentei, nos últimos 10 anos, tenho organizado viagens grandes e pequenas, curtas e longas, e estou mais ciente da importância de manter minha estabilidade emocional. Através das viagens, resolvi lentamente os conflitos e contradições na minha família. Viajar é como a vida, cheia de altos e baixos (X, 69 anos, aposentado 10 anos)”.
“Tenho um relacionamento ruim com minha família e pouco contato com meus filhos. Já viajei muitas vezes para lugares budistas para manter minha paz interior e calma emocional. Eu tenho meu próprio plano para lidar com minha vida após a aposentadoria, que é manter constantemente um estado de espírito positivo, para não ter grandes altos e baixos. Esta é uma boa maneira de viajar para diferentes lugares de acordo com os meus sentimentos e vontade (X, 65 anos, aposentado faz 6 anos)”.
“Meu marido ainda trabalha. Minha filha é casada. Eu trabalhava em uma fábrica têxtil e me aposentei precocemente após uma grande cirurgia. Pratiquei esportes ao ar livre para ajudar na minha recuperação. Após a aposentadoria, comecei a acreditar no budismo. Todo mês eu ia a lugares de viagem budistas para comer comida vegetariana, cantar e ficar calma. Também organizei muitas atividades ao ar livre para criar um círculo de amigos. Agora eu estou em boas condições físicas. Minhas atividades ao ar livre de longo prazo me tornaram mais forte. Eu tenho melhor sono e me alimento melhor. Eu acho que é o suficiente (X, 63 anos, aposentada 3 anos)”.
Fontes
Qiao G, Ding L, Xiang K, Prideaux B, Xu J. Understanding the Value of Tourism to Seniors’ Health and Positive Aging. Int J Environ Res Public Health. 2022 Jan 28;19(3):1476.
Gu D, Zhu H, Brown T, Hoenig H, Zeng Y. Tourism Experiences and Self-Rated Health Among Older Adults in China. J Aging Health. 2016 Jun;28(4):675-703.
