É importante destacar que a expectativa de vida, da população do Brasil e mundial, está aumentando gradualmente. Hábitos dietéticos saudáveis e exercício físico contribuem para o envelhecimento saudável. Certos tipos de dieta (ricas e fibras e com baixo teor de gordura e açúcar) podem prevenir ou reduzir doenças associadas com o processo de envelhecimento e estilo de vida como, por exemplo, a obesidade e a doença cardiovascular. As necessidades de nutrientes tornam-se cada vez mais individuais com a idade. Isto depende da genética e histórico de vida e de doenças de cada um. De forma geral, as necessidades calóricas diminuem com o avançar da idade. Isso tem relação com a diminuição do funcionamento do metabolismo e desuso físico, ou seja, diminuição dos níveis de atividade física.
São mudanças associadas ao envelhecimento, que afetam a nutrição, a perda de peso e a diminuição de massa corporal magra que levam a menor necessidade de calorias. Isso pode ser evitado e otimizado com a prática de atividade física, principalmente do treinamento de força. Além disso, quem gasta mais calorias com atividade física come mais e com isso pode ingerir os nutrientes necessários para a manutenção da boa saúde e aptidão física.
Outro ponto a destacar é que dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças do envelhecimento, como a doença de Alzheimer incluem condições de saúde, hábitos alimentares, genética e hereditariedade, sexo, nível de escolaridade, idade e estilo de vida. Intervenções direcionadas a estes fatores podem auxiliar no desenvolvimento de estratégias de prevenção. Os hábitos de vida saudáveis (boa dieta e prática de atividade física) parecem ter efeito positivo na modificação de fatores de risco para esta doença. Estudos populacionais relataram efeito positivo da ingestão de antioxidantes somado a prática de atividade física sobre o desempenho cognitivo e auxiliar na prevenção e menor predisposição para a doença de Alzheimer.
Quais os objetivos da intervenção nutricional na saúde da pessoa idosa? Prevenir e melhorar as alterações da composição corporal e a progressão de doenças. Por exemplo, idosos fragilizados têm menor massa muscular e maior predisposição para sarcopenia e osteoporose. Isto está associado aos efeitos cumulativos da idade, ao desuso físico, às doenças e a má nutrição.
Em resumo para uma boa nutrição na boa idade, prefira alimentos nutricionalmente ricos (frutas e hortaliças); se tiver dificuldades ao mastigar e engolir, adapte a consistência dos alimentos; prepare refeições com diferentes cores, sabores, formas, texturas e aromas; sempre que puder faça refeições acompanhado; tente experimentar novos alimentos, evitando consumir alimentos de conveniência e enlatados; utilize ervas aromáticas, condimentos e suco de limão no tempero da comida, evitando o uso de sal em excesso; beba água regularmente (8 à 10 de copos de 200 ml/dia), mesmo que não sinta sede; consuma fibras alimentares; faça atividade física regular; se tiver falta de apetite dê uma caminhada e faça atividade física antes das refeições, pois isto aumenta a forma; e modere o consumo de açúcar, sal e bebidas alcoólicas.
Reforçando e aprofundando um pouco mais, o avanço da idade está associado a mudanças profundas na composição corporal, incluindo aumento da massa gorda, diminuição da massa livre de gordura (particularmente muscular), diminuição da água corporal total e diminuição da densidade mineral óssea. Juntamente com essas mudanças na composição corporal, e talvez como resultado direto delas, as pessoas idosas têm menores necessidades energéticas, força e potência musculares e capacidade funcional reduzidas e um risco muito maior para doenças metabólicas (diabetes mellitus tipo II), sarcopenia e osteoporose. No entanto, a capacidade de aumentar a massa muscular por meio do exercício de força muscular (a popular musculação) é preservada mesmo nos indivíduos mais velhos. Mesmo até a idade de 96 anos, homens e mulheres podem responder ao treinamento de força muscular com um aumento substancial (superior a 200%) na força e no tamanho do músculo.
A mensagem final é somos aquilo que comemos. Como dizia Hipócrates, considerado o pai da Medicina, “Que o teu alimento seja o teu remédio, e que o teu remédio seja o teu alimento”. Além disso, manter a saúde e o bem-estar ideais da pessoa idosa requer a compreensão de como as mudanças fisiológicas influenciam o estado nutricional, a identificação dos fatores que predispõem os idosos à desnutrição e a prática nutricional baseada em evidências cientificas sobre as necessidades nutricionais dos idosos. Ou seja, a dieta somada à prática de atividade física é terapia/tratamento complementar para o processo de envelhecimento saudável.