O envelhecimento é um processo biológico que produz alterações físicas e psicológicas. A expectativa de vida aumentou nos últimos anos; assim, o número de idosos aumentou e a pirâmide populacional se inverteu. Isso tem gerado novas necessidades na população idosa associadas a doenças crônicas, deficiências sensoriais, polifarmácia, dependência e comportamentos sedentários. A inatividade em idosos pode promover efeitos adversos como doenças crônicas e sarcopenia. No entanto, a atividade física tem sido proposta como uma intervenção eficaz para melhorar a saúde da população idosa, pois mantém sua independência e melhora sua qualidade de vida.
Avanços nas tecnologias de informação e comunicação (TIC) para melhorar a qualidade de vida, saúde e bem-estar é outra grande mudança que estamos vivenciando com o aumento do uso da tecnologia. Existe uma infinidade de ferramentas de TIC, incluindo dispositivos fixos como computadores; dispositivos vestíveis como smartphones, pedômetros, cintos e pulseiras inteligentes; e tecnologia ambiental, incluindo sensores fisiológicos e ambientais, como sensores de medicamentos, vídeos, sensores na cozinha ou banheiro. Esses dispositivos relatam dados biométricos (pulso, pressão arterial e peso), sintomas do usuário, nível de atividade física e adesão à medicação.
Parece um contrassenso, mas o aumento do uso da tecnologia aumenta a exclusão digital, ou seja, a exclusão social entre as gerações. A utilização de tecnologias inovadoras no cuidado do idoso pode estimular o uso de tecnologia e ajudá-lo a se beneficiar desses avanços tecnológicos e envelhecer com mais saúde. Por meio do uso de ferramentas de TIC aplicadas à saúde, áreas como comunicação e estimulação cognitiva podem ser trabalhadas assim como a autoeficácia, interação social, relações intergeracionais, envelhecimento ativo, autonomia, memória, bem-estar, nutrição e atividade física. Com isso é possível ajudar a reduzir a prevalência de doenças como depressão e ansiedade. A TIC também fornece ferramentas úteis para pacientes idosos, pois facilitam a transmissão rápida de informações clínicas para familiares e médicos, podendo assim evitar internação precoce em lares. Isto pode ser viabilizado através do uso de Apps.
Existem alguns tipos de TIC aplicados em saúde no campo da geriatria como, por exemplo, teleassistência, prontuário eletrônico, sistemas de apoio à decisão, pacotes baseados na web para pacientes e/ou cuidadores familiares e tecnologias de informação assistiva. Teleassistência é útil para monitoramento de saúde, reabilitação e gerenciamento remoto de casos e diagnóstico. Também otimiza o tempo de trabalho da equipe de saúde, melhora as condições e torna a experiência médica mais disponível. A teleassistência surgiu porque as chamadas telefônicas convencionais às vezes não são suficientes e, portanto, a educação e o treinamento de idosos podem ser importantes para garantir seu bom uso. Os prontuários eletrônicos garantem o bom acompanhamento do atendimento ao paciente e a facilidade de transmissão de informações entre diferentes instituições, garantindo um bom trabalho em equipe entre os profissionais. Isso favorece a prevenção e predição em saúde. Além disso, esses prontuários substituem prescrições manuscritas e impressas e, se implementados adequadamente, podem garantir farmacoterapia segura na população idosa, melhorando a comunicação entre pacientes e profissionais. Finalmente, os sistemas de apoio à decisão baseados em tecnologia com intervenção de lembrete ajudam os pacientes a lembrar de tomar seus medicamentos psicoativos e garantir a administração correta de medicamentos na população de idosos.
Pacotes baseados na Web para pacientes e/ou cuidadores familiares são eficazes em fornecer informações e melhorar a participação e independência dos pacientes na tomada de decisões. Se usados antes da visita, estimulam a cooperação com a equipe médica durante a visita; se usado após a visita, é porque os pacientes precisam de mais informações do que as fornecidas. Essas ferramentas ajudam a diminuir a ansiedade que os pacientes podem sentir por falta de conhecimento. No entanto, substituir uma consulta médica por uma busca nesses sites é exemplo de uso indevido dessas ferramentas. Por fim, foram desenvolvidas tecnologias assistivas de informação para a autogestão de cuidado em saúde em cenários normais e de saúde crítica, tratamento e alfabetização em saúde. Como a população idosa é geralmente sedentária, foram desenvolvidos dispositivos vestíveis interativos que são benéficos para eles e para a saúde pública. Várias empresas estão comercializando esses dispositivos; no entanto, a desvantagem é que os consumidores dessas tecnologias não são adultos mais velhos.
O uso das TIC na saúde tem sido relatado como eficaz no desenvolvimento de intervenções mais eficientes e individualizadas para idosos. Também tem demonstrado efeito positivo nos parâmetros cardiovasculares, como no caso de pacientes com síndrome metabólica, e no controle do peso corporal, glicemia e pressão arterial. A atividade física usando ferramentas TIC parece melhorar a aptidão cardiovascular e reduzir estilos de vida sedentários em adultos mais velhos. Também foi demonstrado que a TIC incentiva e aumenta a adesão e motivação para a prática de atividade física.
Adaptado de Lucerón-Lucas-Torres MI, Valera-Ortín J. Health technology tools used to increase physical activity and improve cardiovascular parameters in older adults: A review. Enferm Clin (Engl Ed). 2022 May-Jun;32(3):171-183.
